'Não existe caça às bruxas ou perseguições políticas', diz Barroso sobre julgamento de Bolsonaro
17/09/2025
(Foto: Reprodução) O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, afirmou nesta quarta-feira (17) que o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete réus pela trama golpista não foi "caça às bruxas".
"No existe caças às bruxas ou perseguições políticas. Tudo que foi feito se baseou em provas, evidências exibidas publicamente, que demonstraram para todos os ministros, houve divergências como faz parte da vida. Mas para todos os ministros, houve prova, prova documentada, da existência de um plano para assassinar o presidente eleito, o vice-presidente e um ministro do Supremo Tribunal Federal. Prova documental e confissão", afirmou Barroso.
O presidente do STF elogiou os ministros da Primeira Turma do tribunal, que julgou o processo do núcleo crucial da trama golpista, dizendo que eles conduziram a ação penal com "serenidade" e "transparência".
O ministro afirmou que há "muita incompreensão" sobre a atuação da Suprem Corte brasileira, o que resultou nas sanções dos Estados Unidos aos ministros, como o cancelamento de vistos e sanções pela Lei Magnitsky.
"Acho que há uma imensa incompreensão. O tribunal não se manifestou publicamente sobre o que está acontecendo. Me senti motivado a fazer isso, até porque, como é público, eu tenho muitas ligações com os Estados Unidos, onde estudei, vivi e trabalhei em diferentes épocas da minha vida", afirmou o ministro.
Barroso fala na reabertura do Supremo
Wilton Júnior/Estadão Conteúdo
Barroso rebateu as acusações de que as instituições brasileiras estão censurando a liberdade de expressão.
"As remoções de conteúdo, segundo mais de uma vez explicou o ministro Alexandre de Moraes, se referiam a crimes, crimes de ameaça, não crimes de opinião", afirmou Barroso.
Condenação por trama golpista
Na última quinta-feira (11), a Primeira Turma do STF condenou Jair Bolsonaro a 27 anos e 3 meses de prisão por participação em uma trama golpista. Foi a primeira vez na história do país que um ex-presidente recebeu pena por golpe de Estado.
Por 4 votos a 1, os ministros entenderam que Bolsonaro cometeu cinco crimes:
golpe de Estado;
tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito;
organização criminosa armada;
dano qualificado contra patrimônio da União; e
deterioração de patrimônio tombado.
👉🏼 A condenação ainda cabe recurso, mas, pela pena fixada, o cumprimento inicial deverá ser em regime fechado.
O colegiado decidiu também condenar os outros sete réus da ação penal – segundo a acusação, eles formaram o núcleo central da chamada trama golpista. Veja as penas de todos eles:
Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e deputado federal. Condenado a 16 anos, 1 mês e 15 dias de prisão. A Turma também determinou a perda de mandato do parlamentar.
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha. Condenado a 24 anos de prisão.
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal. Condenado a 24 anos de prisão.
Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional. Condenado a 21 anos, sendo 18 anos e 11 meses de reclusão (pena para crimes de regime fechado) e 2 anos e 1 mês de detenção (pena para crimes de regime semiaberto ou aberto).
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência e delator da trama golpista. Pena única de até 2 anos de prisão em regime aberto, em razão do acordo de colaboração premiada.
Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa. Condenado a 19 anos de prisão.
Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil. Condenado a 26 anos, sendo 24 anos de reclusão (pena para crimes de regime fechado) e 2 anos de detenção (pena para crimes de regime semiaberto ou aberto).
A Primeira Turma é composta pelos ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado.